O Estado já perdeu mais de 10 mil
postos de trabalho, nos últimos 12 meses.
SÃO LUÍS - Vinte e cinco de maio é o Dia da Indústria no Brasil, mas não há tantos
motivos para comemorar. Afinal, com a crise econômica que o país enfrenta, o
setor foi o que mais sofreu. Segundo a Federação das Indústrias do Maranhão
(Fiema), nos últimos dez anos, a indústria nacional vem perdendo participação
no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Entre 2010 e 2013, a participação
caiu de 27,4% para 24,9%.
“Em 23 das 27 unidades da federação houve retração da indústria, com
forte impacto negativo no emprego, no rendimento das famílias, nas exportações
e, principalmente, na capacidade de realização de investimentos produtivos”,
explica o presidente da Fiema, Edilson Baldez das Neves.
Já o Maranhão, de 2010 a 2013 não
sofreu tanto impacto, segundo mostra o Perfil da Indústria nos Estados, elaborado
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo, o Maranhão foi o único Estado do Nordeste com
saldo positivo e o sétimo no ranking nacional.
Ele foi o segundo Estado brasileiro em que a indústria ganhou mais participação
no PIB: 2,2 pontos percentuais entre 2010 e 2013. No mesmo período, o Maranhão foi o segundo Estado que
mais diversificou sua indústria, o que fez com que ele saísse da 20ª
colocação para a 18ª colocação.
“Apesar da crise nacional, o Maranhão
não sofreu tanto nesse período e teve o segundo melhor resultado em todo o
Brasil. Esse índice se deve a implantação de indústrias na área de energia e
papel/celulose. Fruto da confiança do empresariado, que impulsiona o
investimento e melhora o ambiente de negócios e a competitividade”, destaca
Edilson Baldez.
Foto: Divulgação
No entanto, nos últimos 12 meses, o cenário mudou no Estado devido à
crise econômica no Brasil. Mais de 10 mil postos de trabalho foram fechados,
segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Foto: Divulgação
O cenário preocupa, já que o setor é responsável por boa parte dos
recursos do país, além de abranger diversos produtos e atividades. Atualmente o
Maranhão conta com 9.157 empresas industriais, segundo dados do Guia Industrial
do Maranhão (2015). São diversas áreas como: alimentos e bebidas, vestuário,
editorial e gráfica, minerais não metálicos, madeira e mobiliário, papel e
celulose, construção civil, mecânica, etc. Ao todo, são desenvolvidas 29.067
atividades industriais, sendo que 57,2% delas são ligadas à Construção Civil e
29,3% à indústria de transformação.
“Em 2015, as indústrias geraram um fluxo de comércio internacional da
ordem de US $ 5,4 trilhões (em dólares), o que corresponde a 81,8% do total. No
Maranhão, por outro lado, os produtos industrializados participaram com US $
50,9 bilhões (em dólares) do valor do fluxo de comércio, o que significa uma
contribuição de 69,2% do valor total”, destaca Edilson Baldez.
Apesar da situação crítica do país, o setor tem expectativas de que a
crise no Brasil vai diminuir nos próximos dois anos, mesmo que de forma lenta e
gradual. Além disso, a indústria defende reformas em diversos setores do país.
“A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou ao presidente em
exercício (Michel Temer) uma agenda com 36 propostas para o Brasil sair da
Crise, o que demonstra estar a classe empresarial confiante na possibilidade de
reversão do quadro crítico atual. As projeções mais otimistas apontam uma
recuperação muita lenta e gradual, com queda do PIB em 2016 e taxa zero em
2017. Portanto, não se deve esperar crescimento positivo antes de 2018. No
entanto, tudo depende da postura da equipe do novo governo no que se refere ao
enfrentamento (inevitável) de reformas que não mais podem esperar -
trabalhista, tributária, previdenciária – e a gestão da dívida pública
interna”, explica o presidente da Fiema.
Apesar da crise, indústria ainda
investe em qualificação
E os operários que ainda estão empregados, buscam na qualificação um
meio de se firmar na área. Hoje, quase 100% da mão de obra utilizada nas
indústrias que operam no Maranhão é local.
Para uma empresa que atua na indústria de bebidas no Maranhão, investir
na qualificação dos seus empregados é fundamental.
“Procuramos reconhecer nossos
talentos e ajudá-los a percorrer uma carreira de sucesso. Investimos no
desenvolvimento permanente de nossas equipes para que cada funcionário tenha
oportunidades de crescimento na empresa. Para isso, contamos há mais de 20 anos
com a Universidade Ambev, que apenas em 2015 resultou na capacitação de mais de
20 mil funcionários no ano, em módulos presenciais e on-line”, afirma a empresa, a qual ainda destaca que,
atualmente, 94% dos seus diretores e 96% dos seus gerentes foram formados
internamente.
Quem também afirma investir na qualificação dos empregados é a companhia
que trabalha na produção e distribuição de energia elétrica no Maranhão.
Segundo a Cemar, a empresa investe em programas de graduação, MBAs, além de
oferecer mestrado em parceria com universidade pública.
Segundo a Fiema, o sistema também tem
contribuído significativamente com a qualificação da mão de obra local para a
área industrial, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai), o qual oferece cursos na área técnica e
tecnológica. Além disso, tem o Serviço Social da Indústria (Sesi) que oferta
educação regular, de ensino fundamental, médio e integrado médio-profissional.
E o IEL, que proporciona a capacitação de executivos e promove a interação
universidade-empresa, mediante a atuação de estagiários.
Segurança no trabalho
Não se pode falar de indústria sem focar a área de segurança no
trabalho. Segundos dados da Previdência Social, em 2013 o setor industrial
apresentava elevada taxa de mortalidade e incapacidade permanente por acidente
no trabalho.
“Para diminuir o número de
acidentes do trabalho, implementamos uma plataforma que engloba um conjunto de
tecnologias em prol do bem-estar e da segurança dos mais de 32 mil
colaboradores. Um exemplo e a tecnologia chamada TechSafety, que encabeçou uma
redução de mais de 58% nas ocorrências de acidentes de trabalho na área de
vendas da Ambev em três anos. Apenas em 2015, a diminuição foi de 26%.”,
explica a empresa que atua na área de bebidas.
Já a companhia de energia elétrica,
alega que investe em diálogos de segurança,blitz de
segurança, treinamento e simulação para a Brigada de Emergência, programa 5S,
além do Programa Segundos de Vida.
Para a Fiema, a saúde e segurança no trabalho são de extrema importância
e, por isso, o Sesi oferta cursos, palestras e assessoramento técnico na área.
Isso “representa qualidade de vida para o trabalhador e ganhos de produtividade
para a empresa”, defende a Federação.
LILIANE CUTRIM E LUCIANO DIAS / IMIRANTE.COM